Inicio hoje a publicação de alguns excertos do livro que comecei há dias.
É um romance sem pretensões, que prometi a mim própria escrever, tendo apenas como objectivo o prazer da escrita - boa ou má, compete a vós apreciar.
A todos aqueles que se derem ao trabalho de ler, agradeço apenas comentários construtivos e peço que esqueçam o elogio fácil. Não é esse o meu intento.
Beijos.DEDICATÓRIAÀquele que julga que escrever
é trabalho de pouca monta
porque nunca soube
rasgar as entranhas
e pôr a alma a nu.
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Capítulo I
O DESPERTARSabrina era loira, meiga, cheia de vida e... sabida.
Ela abriu os olhos, libertou-se da roupa e, parou o gesto... queria tanto recordar o sonho que acabara de ter, que fechou os olhos e tentou recuar o pensamento.
Conseguiu pegar na última imagem, aquela em que todos os homens, incluindo os bebés, desfilavam à sua frente com os pés ensanguentados. Que sonho mais enigmático! Tinha com certeza um significado muito especial, mas ela não era entendida nessas coisas. A teoria Freudiana nunca tinha conseguido aguçar a sua curiosidade. Era mais dada a Leis, amores e caprichos. Teria que falar disso quando visitasse o seu Psicólogo. Qual seria a mensagem que o seu inconsciente lhe mandava, tipo charada em e-mail, para ela decifrar?
O toque do telemóvel chamou-a à realidade, dando a necessária continuidade ao gesto interrompido pelo devaneio anterior.
Era ainda cedo, mas seu romance não tinha horas. Ela tinha um amor muito possessivo, e a voz carinhosa que reclamava a sua atenção, saindo daquela caixinha milagrosa - que ele odiava mas ela não dispensava - tornou o seu despertar mais alegre.
Bem vistas as coisas, era até muito prático, pois podiam namorar em qualquer lado. Nem Sabrina entendia como havia gente que se recusava a aceitar esta maravilha da tecnologia.
E já que falamos de tecnologia, convém dizer que, apesar de tanto falarem, escreverem, conversarem por todos os meios, Sabrina nunca tinha visto Luís. Este era um “flirt” diferente dos outros. Era um romance do século XXI, fruto da nova era tecnológica, onde a Internet faz milagres aproximando corações solitários.
Talvez ele escondesse algo que lhe escapava, mas agora não queria questionar nada, queria apenas ouvir as palavras ternas a que ela já se habituara, e elas surgiam mais calorosas e saudosas que nunca.
Sabrina olha o relógio, pensa nos seus compromissos para esse dia, desculpa-se e esgueira-se para o duche.