12.5.06

LIVRO



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A caixa do correio electrónico estava cheia, como sempre, mas apenas um endereço era importante. Aquele remetente - cujo nome, pequeno, arredondado e com uma sonoridade tão musical - sobressaía na imensa lista de mensagens que reclamavam a sua atenção. Tudo o resto era trabalho, coisas importantes sem dúvida, mas que teriam que aguardar mais um pouco, pois a sua curiosidade era mais forte do que o seu sentido de dever.
Sabrina esquecia-se do tempo sempre que abria o correio dele.
Luís era, sobretudo, amoroso. Fazia bem ao seu ego sentir-se assim amada, quase idolatrada, em confronto com um período tão cinzento, tão carente, que atravessava a sua vida conjugal.
Luís foi entrando na sua vida aos poucos: sempre amável e solícito, sempre que o assunto abordado era ela, arrebatador quando abordava temas do seu interesse, como a ópera, a música - a clássica, claro, a única que merecia o nome de arte -, ou em áreas de interesse comum, como os mercados financeiros ou o teatro. Cada conversa telefónica, cada mensagem escrita, era mais uma porta que se entreabria para o mundo dele, tão diferente, tão seguro, e por ela tão desejado!
No início, antes da intimidade, Sabrina conseguia vislumbrar nesses contactos, uma forte necessidade de diálogo, de troca de ideias e de estímulo intelectual. Luís usava de uma peculiar crítica zombeteira sempre que aludia a assuntos de carácter social, embora sempre jocoso, deixando denotar uma fugaz sensação de superioridade. Isso intimidava-a! Aquela sensação de desconforto voltava, sempre que ponderava o assunto!
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3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Muito bonito este teu texto.
..."Sirva-te do teu próprio apoio, da tua própria verdade e de tua própria luz." (Buda)
Que a alegria esteja sempre presente no teu coração!

May 13, 2006  
Blogger Luís Monteiro da Cunha said...

Passei para agradecer as tuas palavras no Bufagato,
e deparo-me com alguém que anseia disparar-se...
sinto-te projéctil ansioso de se extrair da mordaça da cápsula, sentindo a fogaça da pólvora a queimar as entranhas... que apenas espera uma explosão final que te extraia definitivamente para o azul sôfrego da alma que te investe...

do que li e de momento, apenas posso dizer-te o seguinte:
Nunca, mas nunca, te olvides...

Deixo um beijinho e desejo de bom fim de semana
Luís

May 13, 2006  
Blogger sofialisboa said...

olá amiga, reconheço que ler aos bocados esta historia fico perdida, mas estes triangulos amorosos são sempre muito perigosos...sofialisboa

May 17, 2006  

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