21.7.07

Amor geométrico-matemático




Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs:
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.

E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.

Ofereceu, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.
E desse problema, ela era a fracção
Mais ordinária.

Mas foi então, que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era expúrio passou a ser Moralidade
Como aliás, em qualquer Sociedade.

6 Comments:

Blogger Beijo_T. said...

Este amor de geometria matemática, recorda-me um outro baseado em verbalizações expressas de sentido único;

SEMPRE

Como se os nossos corpos
rebolassem
num colchão de palavras,
nadei nos conceitos
que me sussurraste
ao ouvido,
nas frases soltas
que tomaram forma
afirmativa
do meu e do teu ser!
Gemi as exclamativas
frases que me arrancaste
do fundo do peito...
Amei-te num futuro
mais-que-perfeito!
Bani dos meus horizontes !
o modo condicional
do verbo sentir
e usei o gerundio
do gosto de sorrir...
Num complemento circunstâncial
de modo...
Amei-te!
No circunstâncial de lugar
fiquei à espera
que o circunstâncial de tempo
fosse um segundo...
do tamanho do mundo!
Antes do amo coloquei
um pronome pessoal
e a seguir um reflexo
e vi que tinha nexo
o que acabei
de te dizer!•
Muniste-te então
do campo lexical
de tempo...
Sob a forma
determinante
da interrogativa
e surgiu o quando?
logo seguido da verbalização
angustiada
do amanhã?

Apenas te respondi
no modo docemente
circunstancial
com a única temporal
que eu senti:
Sempre!


poema de Cristina Fidalgo


(Sorriso)

July 23, 2007  
Blogger sofialisboa said...

brilhante simplesmente...sofialisboa

July 24, 2007  
Blogger GUIA DO APOSTADOR said...

Magnifico! Começo a acreditar que o amor tem algo de matemático pois de geométrico sempre teve ;)))
Mas tudo é relativo...já dizia o mestre Einstein...

Boa semana e um abraço pouco matemático ;)

July 25, 2007  
Blogger Papoila said...

Fantástico! Em tudo na vida entra a Matemática... e a geometria assim descrita é Brilhante!
Saudades tuas.
Beijos

July 27, 2007  
Anonymous Anonymous said...

Geometria e Matemática um casamento perfeito. Só tu para tornares tã atrente um casamento assim.
Um beijo amigo

July 29, 2007  
Blogger Leo said...

Ehhehe! Demais! Talvez se aprendesse de cor este poema e o percebesse a fundo já não precisasse de estudar mais nenhum manual de matemática!

August 01, 2007  

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